A frase-título remete ao bordão de um
humorista que se diz “feio”... A graça está no jogo de palavras <bonito> e <feio>. Quanto à
aplicação de <feio>, na brincadeira, é certo que a referência é a uma
determinada pessoa que não é bonita.
Quando à relação entre os termos é nítido que o que é categorizado como feio não poderia sê-lo, simultaneamente, como bonito, logo o sentido que torna a pergunta engraçada é a aplicação da palavra com a conotação de agradável, bacana, legal. A resposta à pergunta é óbvia – Não ! -, em outros termos: “É agradável/bacana/legal ser feio?”.
Entretanto parece que há uma lógica inversa em alguns comportamentos, nos quais a resposta poderia ser "Sim!". Me refiro especificamente a algumas pessoas que buscam comunicar que é bonito ser feito, por via de gestos, vestuário, vocabulário e referências a coisas “feias”, como o delito e a violência. Tal situação é bem perceptível, segundo penso, nas mensagens transmitidas, por exemplo, por alguns desenhos para tatuagens, como estes que encontrei na internet (muito frequentes entre jovens e adolescentes):
O que é inquietante é que a questão é simbólica, isto é, não há garantias/evidências de que quem comunica (por via de gestual, vestimenta, vocabulário) ser criminoso é, de fato, criminoso, possivelmente apenas procure aparentar ser um criminoso, o que indica que há algo que parece oferecer alguma vantagem a quem se passa por bandido, mas o que levaria alguém a querer se parecer com um bandido? Imagino que muitas possibilidades se apresentariam para propor o entendimento a tal situação, não é o caso deste texto.
A categorização de um ambiente é o resultado da soma de, pelo menos, dois aspectos, a morfologia do ambiente arquitetônico (as formas, as linhas, as cores, etc) e os ocupantes deste espaço físico. Há uma conexão direta, conforme acredito, entre a hostilidade/agressividade daqueles que pensam que é bonito ser feio/desagradável/agressivo/incômodo, e a qualificação com o ambiente, isto é, o ambiente passa a ser entendido como feio/desagradável/hostil/inóspito, sobretudo um espaço físico a ser evitado.
Em outras palavras: A relação entre ambientes "feios" e ambientes a se evitar é diretamente proporcional. Talvez por isso o espaço público urbano em algumas cidades brasileiras, especialmente as megalópoles, passa a ser percebido como lugar onde não se deve ir/ficar. E isto vai continuar, desta forma, enquanto for "bonito ser feio"...
Muito disso, a par da natural rebeldia adolescente, tem a ver com a massificação pela mídia da “força” do ctime e suas “vantagens” colocando romantismo e heroísmo em algo “feio” enquanto coloca-se em condições inferiores os policiais!
ResponderExcluirBem dito, "a par da rebeldia adolescente", há muitos indicativos de que há um direcionamento para que tal ocorra, com interesses escusos, sem dúvida.
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